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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Desjejum

em noite de insônia
disseco grávido mamão 
           dilacero feto e sementes
           com os soldados dos dentes
sonolenta, apago rastros
limpo o local do crime
ocultando restos do cadáver
sob o guardanapo
Equívoco

égua no xadrez sob o cavalo
não quer o jogo, não quer o falo
           nada de cama
           nada de tara

se esboça sem jeito
moribundo sexo
precipitado 

            sons de tesão sem ardor
            pressa que lambe voraz
            o que não sabe a sabor

melhor o xeque-mate
porque tédio é esse estado esquisito
de quem não sincroniza
AMANDO NAS ESTRELAS

As manhãs renascerão
o padeiro fará pão
um de nós não estará lá
nem pro café,
nem pro bolo,
nem pro beijo,
nem pro colo,
nem para o olho no olho

nossa ausência iluminada
por luzes de alma lavada dirá :
- Olá! Ao luar...
se for para mim querido
já aprendi a orar
se for pra você meu anjo
olhe para o céu distante
aquela estrela cadente
mergulhando em pleno ar
sou eu em acrobacias
cheinha de alegria
tentando entrar sem ser vista
pelo seu teto solar

É preciso mais que saudade
para se amar nas estrelas
é preciso calma, coragem
fazer da dor homenagem
e perder o medo de vê-las