Xiii... acho que vou ter que dar algumas explicações aqui. Vamos a um pequeno atalho.
Lança-perfume não era proibido na época. Outra coisa. Talvez vocês tenham estranhado o fato de eu me referir à localização do armarinho como " do lado de cá". Quem nasceu e morou em Piedade nunca teve dúvidas com relação à localização do "lado de cá". Lá você pode estar do lado de lá e falar que mora do lado de cá e todo mundo saberá a que lado você está se referindo. OK... vou explicar para os não nativos. O que divide os lados é a linha de trem da Central do Brasil e o lado de cá é o que tinha a Universidade Gama Filho. O outro é o lado de lá, obviamente! Ai, ai... a gente tem que explicar tudo pra esse povo que não é suburbano, rsrsrsrsrsrsr.
Voltando ao artesanato.
A coisa começou no armarinho ajudando meu pai a empacotar presentes no Natal e a cobrir botões. Naquela época era moda fazer blusas e vestidos com uma enorme carreira de botões cobertos pelo mesmo tecido do vestido. Quando os botões eram grandes , ele mesmo cobria, mas quando o freguês pedia 100 botões muito miudinhos, o meu velho não suportava e me pedia socorro. Eu ia lá para trás da lojinha e passava a tarde cortando tecido e cobrindo botões. Eu a-do-ra-va fazer aquilo. Essa paixão entrou pelas aulas de trabalhos manuais no primeiro gráu e foi recuperada com Joãozinho Trinta lá pelos meus 18 anos, quando fizemos bonecos de papier mâché para um teatrinho que íamos fazer para as crianças. Depois disso houve um longo hiato de vida adulta, trabalho, filhos, etc onde só a música foi possível fazer, mas foi ótimo também. Os trabalhos manuais ficaram restritos às fantasias do filho para as festas da escola e à decoração dos aniversários. Não tinha tempo para mais nada.
Alguns anos atrás, já com o filho adulto, redescobri o prazer na loja "Flowers on Time" das minhas amigas Mariazinha e Verinha, lá no Shopping Itanhangá. Elas são campeães ! Comecei fazendo caixinhas por pura curiosidade e vontade de ficar perto das mestrinhas que, além de boas Professoras, sao companhias agradabilíssimas. Depois comecei a fazer com elas outras coisas. Hoje são amigas de todas as horas . Eu as amo apaixonadamente. Passei muitas horas agradáveis por lá e até hoje , de vez em quando , volto para uma aulinha extra para matar as saudades e aprender novas coisas. Elas tem sempre algo novo a me ensinar e eu lhes sou muito grata por isso.
Certa vez, quando saía de casa para comprar material para fazer umas caixinhas, torci o pé numa elevação de asfalto quando ia entrar no ônibus que me levaria à Pça Saens Pena. Eu morava na Tijuca nessa época. Sabe aqueles monturos de asfalto mal recapeado próximos aos pontos de ônibus ? Pois é, foi num desses. O que eu conheço de gente que já se acidentou neles, é uma enormidade.
A torção foi feia. O resultado do descaso da Prefeitura me rendeu muitas despesas médicas e 6 meses em casa com o pé engessado e em absoluto repouso.
Sem condições de sair de casa, decidi fazer uma deliciosa limonada com o limão que a vida me deu. Coloquei um carrinho de chá ao lado da cama com caixas para pintar na parte de baixo e tintas e pincéis em cima. Pedi ao meu filho que comprasse algumas coisinhas que faltavam e o resultado foi uma série de caixinhas que durante quase um ano fui dando de presente para os amigos. Foi um dos períodos da minha vida de maior produção de caixinhas.
Depois dessa primeira fase, comecei a preparar alguns objetos inspirados na obra de Aldir Blanc, para o espetáculo "Aldir à Vera" , em aulas de objeto e escultura com a Professora Lia do Rio. Na interseção dos dois espaços nasceram as caixinhas poéticas. Elas tinham a foto dos objetos que eu fiz para o espetáculo na tampa e, no verso dela, a letra que as inspirou. Foi outra febre. Dei uma de presente para o Aldir, outra para a Mariana Blanc , Diretora Geral do espetáculo, outra para a Mari, a esposa dele e sorteei outras para o público durante a temporada. Adoro presentear o público com minhas caixinhas.
É um pedacinho desses meus deliciosos momentos de alegria e paz que deixo com eles.
Depois delas comecei a criar caixinhas com meus próprios versos, inventei diferentes figuras e tirinhas para acabamentos feitas no photoshop e outros softwares que fui aprendendo , enfim... a paixão me pegou. Por causa delas, decidi evoluir para usar minhas próprias fotos. Com isso me inscrevi num curso básico de Fotografia quando estava no Canadá e estou prosseguindo o aprendizado aqui no Brasil no Atelier da Imagem. A fotografia me pegou pra valer também e no momento estou mergulhada nela. Voltarei já, já e com mais vigor para o artesanato. Esse atalho foi bom, pois me permitiu escoar a produção que foi imensa , especialmente no período em que fiquei "de molho" em casa.
Minha vontade de fazer artesanato sempre retorna quando sinto necessidade de descansar a mente.
O prazer de me mover entre tecidos, tintas , pincéis e papéis buscando soluções, experimentando, recortando figuras , me lambuzando, não tem preço. Depois das caixinhas , comecei a fazer também abajures , caderninhos, vasinhos para as minhas plantas, armários, arcas, galeteiros, braceletes de feltro ... uma distração sem fim.
Aí vao algumas fotos dessas brincadeiras iniciais com ou sem poesias associadas. As fotos também são bem antigas, antes de eu ouvir falar em ISO , diafragma, obturador, profundidade de campo, essas coisas ... rsrs. Agora já ouvi falar nelas, mas estou ainda longe de fazer a máquina fotográfica obedecer às intenções imagéticas que tenho na cabeça.
No final da postagem incluí também algumas fotos do meu principal Ajudante feitas mais recentemente . O nome dele é Mel e ele faz muitas intervenções criativas. Quando nao está criando, dorme ou brinca entre os materiais preferidos , geralmente nas horas mais impróprias, rsrsrsrssr.
Beijo procês.
| Caixinha de bijuterias |
Caixinha para guardar fumo e cachimbos, com figuras em relevo. Dei de presente para o meu Terapeuta na época.
Caixinha em formato de livro
Caixinha de costura com figuras em relevo.
Dei de presente também. Foi feita muito no
início da minha febre de caixinhas . Importante aqui foi que comecei a introduzir as tirinhas de acabamento feitas em casa. Antes eu as
comprava nas lojas de artesanato.
Caderninhos forrados de tecido. Presenteei muitos amigos com eles.
"O bêbado e a equilibrista" de Aldir Blanc e João Bosco. A letra vai no verso da tampa. Dei de presente para o Aldir após a realização do espetáculo em homenagem aos seus 60 anos. Ele adorava um bloco.
Essa preta com pequenos bordados dourados e uma borboleta em lantejoulas na tampa, foi inspirada num verso meu: "Quando saí do nocaute, estava num breu, mas bordado!". Dei de presente para minha amiga Mariana Blanc, Diretora Geral do espetáculo de 60 anos que fizemos para Aldir.
Essa com imagem de mulher na tampa foi inspirada num verso de Aldir : "Que não seja eu que, ao te amar, te martirize". Dei de presente para a querida Mari no final do espetáculo dos sessenta anos de Aldir.
Esse movelzinho era bem antigo. Ganhei de minha amiga Cristina e dei uma decupada nele. Hoje mora na varanda do apartamento novo.
Essa caixinha e esse bloco de notas foram inspirados na música "O Mestre Sala dos Mares", de João Bosco e Aldir. A foto é do objeto de mesmo nome feito para o espetáculo "Aldir à Vera". Já falei dele antes aqui no blog. A letra vai no verso da tampa.Galeteiros feitos com garrafinhas de cerveja.
Braceletes de feltro feitos por mim e pela norinha.
Capinha para celular
MEL, meu hiperativo gato de beco que virou auxiliar de criação e adora tecidos, meadas e novelos.
Quando não está criando, brinca e dorme entre seus materiais preferidos. Gato amaaaaaaado.
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| Um close só para testar a nova lente macro |









