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sábado, 5 de março de 2011

Carnaval 2011 - serpentina 2




 Olá queridos,

 Segurem essa outra serpentina aí.

 Beijo purpurinado e boa folia!

 Vera Mello

                    

 

Na Orelha do Pandeiro      

(Bororó, Lucia Helena e Aldir Blanc)


A pancada aplicada no pandeiro 
ai que dor , o skindô que dor dá no batuqueiro, ô...
centra a corda e no surdo  o couro come-iscutum ,
País nenhum  no horror
Saculeja o  azar pra longe  e ginga
diz que dá pro seu santo o que sobra em pranto  e pinga ,
faz se é pro bem , mas pro mal não quer mandinga,
na raiz  popular que ya-ya enche a moringa
e o samba no pé

Vem de dentro do mar, vem do reino e da restinga
quando parece  morto do bolso sai coringa  
e o samba no pé
e o samba no pé
      
De esguelha na orelha  do pandeiro
ai , que dor, esse calor me lembrou do cativeiro, ô
eu sou negro e com a arma da risada , elegum,
não mais nenhum sinhô
vai dizer o que é bom no meu terreiro
ou tranformo a careta da mala num pandeiro
não  nasci em dezembro, não vivi no mosteiro,
nós brotamos da terra no mes de fevereiro
com samba no pé,
Sinto orgulho do meu sangue afro brasileiro
eu só tenho de meu minha cor, esse pandeiro,
e o samba no pé
e o  samba no pé

Serpentina carnavalesca - de volta aos princípios

Olá pessoal, hoje é a abertura oficial.
Ele volta ao trono mais uma vez e eu vou daqui lançando minhas serpentinas só pra gente relembrar os fundamentos do Reinado de Momo, a única autoridade que realmente respeitamos.

Sejam bons súditos , sambem muito, bebam menos e um fantástico carnaval.

Beijo purpurinado,
Vera Mello

Cravo e Ferradura (Cristovao Bastos / Aldir Blanc) 


Primeiro foi um som leve
de peneira peneirando,
o mar de idéias de um louco,
a água dentro do coco.
Foi crescendo entre palmeiras
e tambores batucando
um balbucio, um rugido,
um som de tragédia e circo,
um som de linha de pesca,
som de torno e maçarico.
Veio um som de escavadeira,
bate-estaca, britadeira,
um som que machuca e lanha,
um som de lata de banha,
som de caco, som de tralha,
era um som de mutilados
quebrando gesso e muleta,
um som de festa e batalha.
Ah, era um som que me
orgulhava,
som de ralé e gentalha,
era o som dos prisioneiros,
som dos exus catimbeiros,
ai, era o som da canalha:
trovão, forja, baticum,
som de cravo e ferradura
- Dez Mil Cavalos de Ogum!
Esse é o som da minha terra:
som de andaime despencando,
de encosta desmoronando,
de rios violentando
as margens do meu limite.
Samba, samba, samba,
pulsas em tudo que existe,
vazas se meu sangue escorre,
nasces de tudo o que morre.