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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A Empresa no divã


O QUE É?

A Empresa no Divã é um “training show” no formato de conversa poético-musical que expõe, com leveza ,  as questões humanas presentes no ambiente empresarial , por meio de uma narrativa  bem humorada da semana de segunda a domingo de alguns empregados de uma empresa “fictícia”.

O espetáculo revela o lado "sombra" do empregado - aquele que todos sabem que existe, mas ninguém fala dele. Primeiro por acreditar que se trata de um estado de ânimo individual e isolado , segundo por obedecer a uma espécie de premissa implícita na cultura empresarial de que "um bom profissional é aquele que deixa a emoção do lado de fora ao cruzar a porta de entrada da empresa e só a pega de novo na hora da saída, ao voltar para casa".

A pergunta que fica o tempo todo no ar é : quem é aquele ser que entra na empresa, um clone ?
A serviço de que? A serviço de quem?

O espetáculo enfileira dias, personagens, músicas e poesias que ilustram os estados de ânimo desse ser cotidiano pela metade, sem perder de vista a generosidade com a condição humana e o bom humor.

Os funcionários se comovem, se divertem e se identificam com os personagens, reavaliando suas atitudes e refletindo sobre situações vividas no dia-a-dia.

DEPOIMENTOS

“O espetáculo é marcado desde seu início com personagens que conhecemos e convivemos durante nossa carreira profissional e em nosso dia-a-dia. A correlação das musicas com os dias da semana foram abordadas de forma inteligente e leva aquele que está assistindo a viajar na sua história profissional, revendo "personagens do nosso dia-a-dia" ou seja nos leva de uma maneira bem humorada a uma reflexão profunda do que vivemos. Combinação perfeita, leve , onde cada momento vivido foi uma oportunidade de fazer uma autoavaliação e reflexão da sua postura e onde você pode melhorar. Não só recomendaria, como também deveria ser obrigatório em todas as organizações atividades desse tipo.”

George Paiva
Diretor de Recursos Humanos
Equant Brasil // Equant Services


“Reconheci a mim e alguns colegas na segunda-feira acompanhada da música de Chico Buarque. Não é com freqüência que isso acontece, mas já acordei na segunda pensando, preciso mesmo ir trabalhar hoje? Por que não posso ligar e simplesmente dizer que não quero voltar à rotina hoje? Acho que todos no mundo corporativo já passaram algum dia por uma situação como essa. A apresentação da Vera me fez achar graça desses momentos e refletir sobre como fazer para que as segundas sejam sempre agradáveis . O formato lúdico de trabalhar os sentimentos é normalmente mais leve e interessante do que discutir diretamente sobre o tema. Além do carisma da artista, achei a combinação fabulosa. Me fez viajar nas poesias, relembrar de letras de sambas e outros estilos de música que nos dizem muito e me levou a refletir sobre minha atitude em relação a algumas situações profissionais. Recomendaria, claro. É agradável, descontraído e nos faz refletir sobre a forma de encarar a rotina de trabalho e fez ter certeza de que, para estar bem no trabalho, é preciso respeitar seus próprios sentimentos e momentos e, acima de tudo, gostar muito do que faz”.

Ester Farinha
Ger. de Remuneração e Serviços
Intelig Telecomunicações Ltda

Durante todo o tempo do espetáculo nos identificamos com os vários personagens do meio empresarial. Todos estavam lá: o revolucionário, o obediente, o guardião da moral e dos bons costumes, o arrogante ... O formato do trabalho não podia ser melhor, a união da sensibilidade artística da Vera com a sua vivência no meio empresarial, especificamente na área de recursos humanos, consegue promover um show único de realismo e beleza que encanta a todos. Recomendo fortemente o espetáculo, afinal abordar as mazelas do meio empresarial de uma forma lúdica e sensível só nos ajuda na reflexão sobre o assunto e nos permite buscar saídas para abrirmos nossos horizontes e encararmos nossas vidas dentro e fora do escritório de outra maneira.

Silvana Rodrigues
Coordenadora de Talentos Humanos.
Claro

domingo, 21 de dezembro de 2008

O Mestre-sala dos Mares

Ao lado mais um dos objetos concebidos para o espetáculo dos 60 anos do Ourives do Palavreado, Aldir Blanc, inspirado na música " O Mestre-Sala dos mares" que ele fez em parceria com João Bosco.

Essa belíssima canção foi composta pela dupla em homenagem ao marinheiro João Cândido, que entrou para a história como O ALMIRANTE NEGRO, lider da Revolta da Chibata, ocorrida em 1910 .
Consta que João Cândido sobreviveu aos maus tratos na prisão , mas enlouqueceu com a memória do massacre imposto aos seus companheiros e foi internado num hospital para doentes mentais. Tuberculoso e na miséria, conseguiu se restabelecer, mas foi perseguido constantemente. Morreu no Entreposto de Peixes da cidade do Rio de Janeiro, sem patente, sem aposentadoria e até sem nome.

Sempre que ouço falar em Hospital para Doentes Mentais, me vem à cabeça a imagem da imobilização dos pacientes, especialmente a imagem da "camisa de força", instrumento de imobilização felizmente proibido atualmente , que quase me fez desistir da carreira de Psicóloga nas aulas práticas de Psicopatologia que tínhamos no Pinel e no Hospital do Engenho de Dentro. Não há nada mais chocante do que ver um ser humano que não enlouquece por vontade própria, imobilizado por aquele instrumento de tortura. Na época do espetáculo , quando soube que Aldir também havia trabalhado no Hospital do Engenho de Dentro , decidi fazer uma espécie de "laboratório" e voltei lá. Chegando ao Hospital fui informada que na semana seguinte seria inaugurado um Museu. Perguntei se tinham uma camisa de força exposta. Tinham. Pedi para rever , proibido! Só na inauguração. Vencidos os caminhos burocráticos de praxe, me deixaram ver a única camisa remanescente. Lá estava ela no seu melhor lugar, o de peça de museu! Fiz a viagem de volta para casa experimentando o mesmo sentimento de horror que experimentei aos 18 anos de idade , quando vi pela primeira vez na vida , um ser humano deitado no chão imundo do hospital, imobilizado por uma coisa daquelas. Passados alguns dias, a imagem que concebi para esta música foi a de uma camisa de força, com gola de marinheiro , ostentando no "nó cego" dos braços as insígnias de Almirante. Colocado o último detalhe da camisa, alguma coisa ainda me deixava insatisfeita. Dimas Malachini , querido companheiro da Oficina de Objeto e Escultura de Lia do Rio , se solidarizou ao meu mal estar e ficou junto comigo, de longe , observando o objeto. Tentávamos adivinhar o que estaria faltando para que ele "se completasse". Subitamente ele caminhou em direção ao objeto, pediu licença, arrancou a camisa da parede e saiu arrastando a camisa pelo chão imundo da oficina . Depois dos maus tratos e do nosso abraço comovido , estava pronta a homenagem a João Cândido e à dupla de compositores .

Importante ressaltar que só recentemente, no dia 20 de novembro de 2008 , dia da Consciência Negra, o Presidente Lula e o Ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, inauguraram a estátua em homenagem ao Almirante Negro na Praça XV , em solenidade sem representantes da Marinha e do Ministério da Defesa. Como noticiado pela imprensa , o Presidente comparou o homenageado a outros personagens da história brasileira que enfrentaram militares- o beato Antônio Conselheiro, líder de Canudos, no início da República; Gregório Bezerra, comunista torturado em 1964; e o guerrilheiro Carlos Marighela, morto em 1969 - e disse que os brasileiros "precisam aprender a transformar seus mortos em heróis". Durante a cerimônia , João Cândido foi chamado como ficou conhecido , de "Almirante" , embora a Marinha o considere apenas líder de um motim contra a hierarquia. Devido a essa resistência, a estátua de João Cândido levou alguns anos no Museu da República antes de ser deslocada para a Praça XV.

João Cândido foi anistiado em 24 de julho de 2008 graças a um projeto da senadora Marina Silva do PT do Acre, que foi aprovado pelo Congresso e sancionado pelo Presidente Lula.

A letra original da canção foi censurada na época e algumas alterações foram feitas para que pudesse ser gravada.

Abaixo o Kit do Almirante Negro com a caixa e o bloco de notas, realizado para presentear o público, com foto do objeto tirada por Juliana Ennes. A seguir a letra original censurada e a letra no formato que é cantada atualmente e que consta no verso da caixinha do Kit.



O Mestre-Sala dos Mares ( Letra censurada )

João Bosco/Aldir Blanc

Há muito tempo,
Nas Águas da Guanabara,
O Dragão do Mar reapareceu,
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o Almirante Negro,
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar, com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto
Pelas mocinhas francesas,
Jovens polacas e por batalhões de mulatas.

Rubras cascatas
Jorravam das costas dos negros
Pelas pontas das chibatas,
Inundando o coração
De toda a tripulação
Que, a exemplo do marinheiro,
Gritava: não.

Glória aos piratas,
Às mulatas,
Às sereias,
Glória à farofa
À cachaça,
Às baleias...

Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais.

Salve o Almirante Negro,
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais


O Mestre-Sala dos Mares ( Letra gravada)
João Bosco e Aldir Blanc

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O Dragão do Mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o Navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar, na alegria das regatas
Foi saudado no porto
Pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas

Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos
Entre cantos e chibatas
Inundando o coração
Do pessoal do porão
Que, a exemplo do feiticeiro, gritava, então:

Glória aos piratas, às mulatas, às sereias,
Glória à farofa, à cachaça, às baleias,
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais.

Salve o Navegante Negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais

(Mas, salve...)

Salve o Navegante Negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais

O bêbado e a equilibrista



Prosseguindo com o tema "caixinhas" , aí vai a foto do objeto e do kit de caixinha e bloco de notas que fiz para " O Bêbado e a Equilibrista", maior sucesso da dupla João Bosco e Aldir Blanc que acabou conhecida como o Hino da Anistia. Herbert de Souza, o Betinho , querido irmão do Henfil mencionado na letra, costumava dizer que foi graças a ela que ele voltou do exílio.
O objeto foi idealizado para o espetáculo Aldir à Vera : um cabo de aço que atravessava o palco com um chapéu côco equilibrado sobre ele. Aldir disse certa vez que é esta a canção que melhor lhe define. Fiz então o conjunto de caixinha e bloco de notas e , ao invés de sortear para a platéia, dei a ele de presente no final da temporada. A execução do objeto aconteceu durante as aulas de Objeto e Escultura com Lia do Rio no Instituto Calouste Gulbenkian. A execução da caixinha e do bloco de notas, foi feita no ateliê de Vera Castro e Mariazinha Goldemberg , na "Flowers on time", linda e charmosa loja de objetos de decoração carregada de ótimo astral , no Shopping Center Itanhangá. Quem já passou por lá, nunca a esquece. Quem ainda não conhece, não sabe o que está perdendo.

O Bêbado e A Equilibrista
João Bosco e Aldir blanc

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos
A lua tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel
e nuvens lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas, que sufoco louco
O bêbado com chapéu coco fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil, meu Brasil
Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu num rabo de foguete
Chora a nossa pátria mãe gentil
Choram Marias e Clarisses no solo do Brasil
Mas sei que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente
a esperança dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha pode se machucar
Azar, a esperança equilibrista
sabe que o show de todo artista, tem que continuar
tem que continuar

sábado, 20 de dezembro de 2008

Confetinhos poéticos

Envio hoje para vocês, uma seleção de pequenas coisinhas escritas pela "Entidade minimalista" que , vez por outra, me habita.


1 A CARTEIRA E A POETA

ele é meu escargozinho
ele é meu terninho Armani
cortado por encomenda


2 DE PALCO ALTO

voz  
      estridente
roupa
      extravagante
maquiagem
      carregada
risada
      escandalosa
perfume
      onipresente
ELEVAdor
perFORMAdo



4 MEDO

A vizinha tranca a porta
quando toca o interfone.
Isso me paradoxa.

5 EXIBIÇÃO

Ali no Jardim de Alá
tainha
                              ar
              pro
Pula
pra exuberar resistência 

6 AMOR DE ENTRESSAFRA

rótulo despojado
informações transparentes...
       persistente e intenso vinho
       inda um pouco adstringente

tato encorpado
toques de pimenta...
       excitação nos botões gustativos
       em diferentes áreas da língua

na degustação íntima
jovem ainda para a prova
        mais uns anos de adega
        aromas complexos
        no château de outra enófila


7 APARELHO ORTODÔNTICO

Chegou com barulho e sorrisos
alegria e gurizada
meu dia virou um toró
de chapinhas premiadas

8 SEM PIRULITO

As grades nas praças e casas
me descriançam

9 AVANÇO DE SINAL

Camisinha já foi método.
Hoje em dia
é pisca alerta.

10 PELO AVESSO

bainha de morro 
anda mal alinhavada.
-  ponto em desgoverno

A quem interessar possa, comunico que a eternidade existe e é minha irmã.

É Natal no mundo e o campo fértil de meu coração oferece excelente safra de pés de vagalumes madurinhos. Estou plena de minhas próprias luzes nesse final de 2008 e a rua onde moro é um imenso presépio que posso enxergar da varanda. Que bela poderia ser ainda mais, minha cidade, se todas as ruas fossem como essa!

Tive um ano lindo e fértil em delicadezas e sou grata às forças do bem por isso. Tenho amigos passando por momentos difíceis e, não fosse por eles, estaria inteiramente feliz. As conquistas foram imensas. Olho para trás e constato que todos os sonhos da infância, da adolescência e da maturidade foram realizados. Ter atingido as metas do meu cronosonho me parecia, até algum tempo atrás, uma idéia ao mesmo tempo desejada e assustadora. Qual seria o cronograma de Deus para os meus próximos anos? Hoje , vencido o medo do desconhecido, caminho pelo mundo servindo-o, com uma delicada e maravilhosa sensação de peregrina descalça. Como é bom não ter dívidas, especialmente de sonhos! Plena do que fui e do que sou, vagueio pela vida sem receio de ficar ou de partir. Tudo em torno tornou-se eterno na sua contingencialidade. A eternidade deixou de ser um conceito e é hoje esta sensação corpórea e tangível que sinto em plenitude e que me permite dar testemunho de sua existência. Acreditem, ela dorme comigo no meu quarto e sobre ela não paira em mim nenhuma dúvida. Que continuem os filósofos discutindo-a e duvidando-a, que continuem os poetas, em seu metafórico espaço, tentando traduzi-la, que continuem as crianças brincando e ignorando-a. Eu apenas a sinto, degusto e silencio, enquanto ela ressona ao meu lado de pijama , como eu e minha irmã nas minhas mais doces e caras lembranças da infância.

Que Papai Noel traga para cada um de vocês a realização de seus sonhos e que o Ano Novo lhes reserve esta maravilhosa sensação corpórea que hoje me beija, é o que desejo a todos neste final de 2008.

Com carinho,
Vera Lúcia de Oliveira Mello

sábado, 13 de dezembro de 2008

De cantor, poeta e louco, todo mundo tem um pouco

O QUE É

Oficina poético-musical, com participação de empregados.

O mergulho na obra de grandes compositores e poetas de língua portuguesa possibilita não só , o alargamento do universo cultural dos participantes, como também um aguçamento de sua percepção para a poesia do cotidiano .  A criação de  um novo plano de relacionamento possibilita, também, a flexibilização das relações de trabalho,  geralmente marcadas pela formalidade .
Ao final da Oficina os empregados fazem recital para os demais colegas da empresa, do repertório trabalhado durante a semana.

DURAÇÃO

Intensivo - uma semana 3 horas por dia

PREÇO

Sob consulta