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sábado, 20 de dezembro de 2008

A quem interessar possa, comunico que a eternidade existe e é minha irmã.

É Natal no mundo e o campo fértil de meu coração oferece excelente safra de pés de vagalumes madurinhos. Estou plena de minhas próprias luzes nesse final de 2008 e a rua onde moro é um imenso presépio que posso enxergar da varanda. Que bela poderia ser ainda mais, minha cidade, se todas as ruas fossem como essa!

Tive um ano lindo e fértil em delicadezas e sou grata às forças do bem por isso. Tenho amigos passando por momentos difíceis e, não fosse por eles, estaria inteiramente feliz. As conquistas foram imensas. Olho para trás e constato que todos os sonhos da infância, da adolescência e da maturidade foram realizados. Ter atingido as metas do meu cronosonho me parecia, até algum tempo atrás, uma idéia ao mesmo tempo desejada e assustadora. Qual seria o cronograma de Deus para os meus próximos anos? Hoje , vencido o medo do desconhecido, caminho pelo mundo servindo-o, com uma delicada e maravilhosa sensação de peregrina descalça. Como é bom não ter dívidas, especialmente de sonhos! Plena do que fui e do que sou, vagueio pela vida sem receio de ficar ou de partir. Tudo em torno tornou-se eterno na sua contingencialidade. A eternidade deixou de ser um conceito e é hoje esta sensação corpórea e tangível que sinto em plenitude e que me permite dar testemunho de sua existência. Acreditem, ela dorme comigo no meu quarto e sobre ela não paira em mim nenhuma dúvida. Que continuem os filósofos discutindo-a e duvidando-a, que continuem os poetas, em seu metafórico espaço, tentando traduzi-la, que continuem as crianças brincando e ignorando-a. Eu apenas a sinto, degusto e silencio, enquanto ela ressona ao meu lado de pijama , como eu e minha irmã nas minhas mais doces e caras lembranças da infância.

Que Papai Noel traga para cada um de vocês a realização de seus sonhos e que o Ano Novo lhes reserve esta maravilhosa sensação corpórea que hoje me beija, é o que desejo a todos neste final de 2008.

Com carinho,
Vera Lúcia de Oliveira Mello

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