Vera Mello
os homens dos camburões
matam os sem terra
aos magotes
matam os sem terra
aos magotes
matam criançasgestantesmulheres sem um vintém
matam miseráveis do bem!
conhecem o seu lugar
de cor, de frente, no avesso
e, no entanto, dos mandantes
nunca sabem o endereço.
conhecem o seu lugar
de cor, de frente, no avesso
e, no entanto, dos mandantes
nunca sabem o endereço.
Os chefões estão por aiandam entre nós sorridentesnos palácios, nos comíciostomando chá nos salões.
Os gabinetes
conhecem as estatísticas
menos o nome dos mortos
dos pais, dos filhos, parentes
conhecem as estatísticas
menos o nome dos mortos
dos pais, dos filhos, parentes
vivem de cara lavadana cara de todos nósJá já vão matar os pedintesos sem escola, os sem teto.
Os sem pão já foram mortos de fome naturalmente!
Alguns terão morte morrida,outros a morte matadae os mandantes, como sempreesses não sabem de nada
não sabem quem eles são
se deixaram a sua amada
se sonhavam com o feijão
para fazer feijoada.
se deixaram a sua amada
se sonhavam com o feijão
para fazer feijoada.
Com madeira sucateadado cabo da foice e da enxadasuas caras de pau são lavadas com o sangue de agricultores
que lutaram pelo chão.
Estranho país o meu,
que trata assim o seu filho!
Estranha essa minha pátria
mãe degenerada, doente.
que trata assim o seu filho!
Estranha essa minha pátria
mãe degenerada, doente.
Durante o dia ela educapara ser um delinquente,um marginal perigoso,sem culpa, cheio de tara
e logo à noite nos deixa
sozinhos no travesseiro
sozinhos no travesseiro
sem acalanto , cantigasem beijo de boa noite
com muita vergonha na cara.
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